quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Carta de Michel

Terça-feira, 27 de outubro de 2009.



Caros amigos,



Sempre pensei nas cartas também. Acho que elas nos permitem profundas reflexões sem um certo controle, aquele que ocorre quando escrevemos algum texto em outras áreas. Além de tudo, as cartas carregam o afeto, afinal ,não a escreveríamos para quem não temos afinidade.

Quando leio a epígrafe na sua carta escrita por Antonio Negri, tudo me indica que ele olha o capital de um nível diverso daquele que eu vivo. Como você sabe tenho uma pequena empresa com alguns poucos funcionários, e não é que eles são explorados, pois não me sobra muito dinheiro para fazer coisas que pensamos, como o desenvolvimento de uma escola com educação Multitudinária. De certo modo, eu em minha luta anticapitalista, tento fazer com que a dobra Deleuziana ocorra fazendo com que o capitalismo se dobre sobre si mesmo ao tentar constituir um modelo de empresa onde cada trabalhador posso desenvolver a sua potência na medida que seus desejos pedem passagem. Quando coloco isso como uma premissa, de certo modo parece que o plano de imanência dos trabalhadores foi aprisionado e que suas potências foram oprimidas e tudo que eles enxergam é o egoísmo.

Eu lamento bastante não ter mais nossas conversas, ao mesmo tempo que eu tento mudar o capital, o capital me muda. Ele demanda tempo da minha vida na resoluções de problemas que em nada mudam o caminho da humanidade em direção ao seu fim. Ou seja, o que me resta é um descanso noturno no qual tento ler algumas poucas palavras de pessoas que me façam ver o mundo com um outro olhar. Desse modo minha luta é fazer com que os trabalhadores que comigo caminham juntos nessa jornada tenham uma vida digna para que seus filhos tenham a vida nas mãos.

Espero ter mais de suas cartas para ler, pois elas me levam a escrever também e mover meu campo dos afetos. Espero também que os outros reflexivos possam se manifestar.

Paz

michel

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