sábado, 31 de outubro de 2009

Um carro da polícia


A revista Piauí do mês de outubro publicou o diário de viagem (não sei se completo) de uma estudante polonesa, fazendo pesquisa de campo aqui no Brasil. Sei que a pesquisa era em torno do filme Cidade de Deus e que o que mais interessava à Marysia Wróblewska não era o filme em si, mas as reações a ele.

A publicação do diário já é algo bem bacana, porque não é o resultado de uma pesquisa, mas a pesquisa em movimento. Outra coisa bacana é que o diário mostra as delícias e agonias de estar numa terra tão diferente da nossa. Além disso e muito mais, Marysia acompanhou algumas conferências, palestras, teve conversas, e o conteúdo desses momentos também aparece no diário.

Por conta de muitas coisas que estou vivendo nos dias de hoje, gostaria de reproduzir um trecho que me chamou a atenção.

5 de julho: [...] Em seguida fui até o Museu da República assistir a um debate sobre “A Constituição de 1988: a voz e a letra do Cidadão. [...] O debate foi interessante. As informações que mais me chocaram tinham a ver com ações da polícia. Um dos debatedores lembrou ter aberto, na Espanha, uma palestra sobre segurança pública mostrando a foto de um caveirão do BOPE, sem maiores explicações. Na frente do carro blindado os policiais haviam pintado os dizeres: “Sai da frente, vim buscar sua alma.” Alguém da platéia levantou-se: “Mas é inadmissível que traficantes tenham carros assim!” “Esse é um carro da polícia”esclareceu o palestrante.

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